Page 2 - Giz Negro - 3.ª Edição 2024/2025
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julho 2025
EDITORIAL
A palavra “evasão” tem muitas camadas. O seu primeiro sentido,
nesta altura do ano, faz apelo a férias, ritmo de vida mais lento,
ausência de horários e liberdade para cumprir os desígnios da nossa
vontade, naquele momento preciso. Também lembra viagens, paraísos
mais ou menos tropicais, cidades cosmopolitas, paisagens dignas de
calendário ou a exploração do nosso país que, embora pequeno, ainda
congrega regiões pouco divulgadas e cheias de encanto e
personalidade. Claro que temos a fuga. Evadir-se será sempre fugir de
alguém, de um emprego pouco valorizado e desinteressante ou de uma
rotina asfixiante e nada compensadora.
Tantos motivos para sonhar com a evasão perfeita. Mas aí é que se
impõe a seguinte questão: será que necessitamos de uma solução
miraculosa para a concretizar?
Já houve quem afirmasse que os mais felizes eram os que sabiam dar
valor aos momentos preciosos que se imiscuem no tédio do quotidiano;
dar continuidade à leitura de um livro antes de adormecer, ouvir a
música que nos põe automaticamente a dançar, saborear uma nata bem
portuguesa numa esplanada pitoresca, telefonar a um amigo… seria
possível continuar, mas tornar-se-ia fastidioso.
De facto, a evasão pode não corresponder a um projeto megalómano,
caro e a exigir cuidadosa preparação. Pode ser viver o momento,
aproveitando-o intensamente e fazendo dele uma memória feliz.
Saber pôr em prática esta filosofia de vida deverá evitar algumas
depressões, sobretudo aquelas que nascem após a observação
constante e obsessiva das “vidas perfeitas” dos outros nas redes
sociais.
Saibamos ainda evitar a evasão das cabecinhas dos nossos jovens,
que, frequentemente, ganham asas e saem das salas de aula. Ora, as
aprendizagens que aí são feitas vão permitir-lhes viver evasões bem
mais interessantes e desafiantes no futuro.
E nunca se esqueçam: “Viver é improviso, por isso é preciso crescer
nas bermas do vento.” (Versos de canção interpretada por Pedro
Barroso e Patxi Andión)
Boas Férias!
Maria da Luz Melo e Maria dos Anjos Esteves
Giz Negro / Jornal Escolar 2